Exercícios sobre Intertextualidade

Teste os seus conhecimentos: Faça exercícios sobre Intertextualidade e veja a resolução comentada. Publicado por: Vânia Maria do Nascimento Duarte
Questão 1

Explicite seus conhecimentos acerca das relações intertextuais presentes em um discurso.

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Resposta

Atendo-nos às palavras de João Cabral de Melo Neto, retratadas por: “um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos (...)”, constatamos que o poeta, por meio de um sentido metafórico, retrata a noção verdadeira que se atribui à intertextualidade. Ele, ao ressaltar que um galo sozinho nunca tece uma manhã, enfatiza de modo veemente o fato de que um texto mantém um diálogo constante com outros textos. Tal aspecto “polifônico” nos faz crer que as palavras não subsistem por si só, ao contrário, elas são fruto de ideias, opiniões e ideologias decorrentes de uma coletividade (ora contrastando, ora convergindo entre si) manifestada ao longo de todo um decurso, oriundo de todos os aspectos (político, histórico e social).

Questão 2

Discorra sobre os diferentes tipos de intertextos.

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As relações intertextuais entre os diferentes discursos são manifestadas sob várias modalidades. Entre estas destacamos:

- A paráfrase, a qual consiste em uma nova recriação, mantendo, porém, a essência discursiva referente ao texto original.

- A paródia, que consiste também numa recriação, contudo, o discurso é voltado à ironia e à crítica. 

- Alusão ou referência, caracterizada pela menção que se atribui a um personagem, a um fato histórico ou até mesmo a um acontecimento marcante, mediante o ato de interlocução.

- A epígrafe, representando um pensamento ou reflexão filosófica, proferida por uma figura de bastante representatividade, podendo ser um filósofo, escritor, cientista, estudioso de maneira geral, entre outros.

- A tradução que, como o próprio conceito já retrata, consiste em reproduzir, para outro idioma, as ideias presentes em um outro discurso.

- A citação, que se trata da transcrição, uma vez demarcada, das ideias já ditas por outrem.

Questão 3

Texto I

“Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,
Quando a teus pés um homem terno e curvo
jurar amor; chorar pranto de sangue,
Não creias, não, mulher: ele te engana!
as lágrimas são gotas de mentira
E o juramento manto da perfídia”.

                                                     Joaquim Manoel de Macedo
    
Texto II

“Teresa, se algum sujeito bancar o
sentimental em cima de você
E te jurar uma paixão do tamanho de um
bonde
Se ele chorar
Se ele ajoelhar
Se ele se rasgar todo
Não acredite não Teresa
É lágrima de cinema
É tapeação
Mentira
CAI FORA

                                                        Manuel Bandeira

(Enem) Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima, sugerem que: 

a) Há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.
b) Há um tratamento realista da relação homem/mulher.
c) A relação familiar é idealizada.
d) A mulher é superior ao homem.
e) A mulher é igual ao homem.

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Alternativa “B”.

Questão 4

Diante dos excertos poéticos em evidência abaixo, analise-os, tendo em vista as relações intertextuais entre estes e o texto-matriz, sob a célebre autoria de Gonçalves Dias.

Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
[...]
                                  Gonçalves Dias

Canção do Exílio facilitada

lá?
ah!
sabiá...
papá...
maná...
sofá...
sinhá...
cá?
bah!
            José Paulo Paes

Canto de regresso à pátria

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo

                                    Oswald de Andrade

Canção do Exílio

Minha terra tem macieiras da Califórnia
Onde cantam gaturamos de Veneza
Os poetas da minha terra
São pretos que vivem em torres de ametista,
Os sargentos do exército são monistas, cubistas,
Os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
Com os oradores e os pernilongos
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
 Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas são mais gostosas
 Mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
E ouvir um sabiá com certidão de idade !

                                                               Murilo Mendes

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Assim que estabelecemos familiaridade com fragmentos poéticos em questão, constatamos que todos são unânimes no que se refere ao discurso. Todos os autores, ora pertencentes ao período modernista, pautam por um só objetivo: parodiar o pensamento ideológico que se fez presente na era romântica, sobretudo pelos representantes da primeira fase. Dessa feita, tal crítica se atribui ao nacionalismo exacerbado, “camuflando” as reais condições detectadas pela “terra descoberta”.  E os modernistas, é claro, colocando em prática as ideias em voga, não deixaram por menos, retrataram sim as raízes nacionais, embora de uma forma real, transparente.  Como bem nos afirma de modo verídico, Murilo Mendes:

Nossas flores são mais bonitas
Nossas frutas são mais gostosas
Mas custam cem mil réis a dúzia...

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